Quando a caserna dá um bom exemplo

Bem que os militares brasileiros poderiam aprender algumas lições com seus colegas norte-americanos, do país que eles tanto admiram.

Depois que Donald Trump fez críticas duras aos movimentos de rua e ameaçou usar as Forças Armadas no combate aos protestos, os militares reagiram. Mas, ao contrário do que costuma acontecer por aqui, criticaram duramente o presidente.

O primeiro deles foi o almirante Mike Mullen. Além de defender a democracia, ele não teve dúvidas em deixar claro de que lado estão os militares:

– Nossos cidadãos não são o inimigo, nunca.

A crítica passou a ser repetida por muitas outras lideranças militares, a ponto de o próprio ministro da guerra, Mark Esper, deixar claro que é contra as ordens de Trump, seu atual chefe. Foi um dos primeiros a dizer que não há necessidade de usar os militares.

Outro lembrou, didaticamente, que se Trump não consegue ajudar, que pelo menos não atrapalhe.

Quanta diferença, meus amigos.

Leiam as manifestações dos militares brasileiros, da ativa ou da reserva, nestes últimos dias. Nenhum deles questiona as decisões atrapalhadas do Messias e ainda adotam o discurso de que os opositores são baderneiros.

Sabem o que os diferencia? A seriedade com que a Constituição é respeitada.

Lá, os militares sabem que não pertencem ao governo do momento, que é Republicano e amanhã pode ser Democrata, mas ao país. Ao povo, portanto. Submetem-se ao que determina a lei e têm noção de que precisam estar submissos ao poder civil.

Não se consideram um Poder separado dos outros, mesmo tendo controle sobre as armas. Sabem, principalmente, que não são um Poder, mas uma peça da engrenagem.