Frases que fazem pensar

“Roberto Lyra, Promotor de Justiça, um dos autores do Código Penal de 1940, ao lado de Alcântara Machado e Nelson Hungria, recomendava aos colegas de Ministério Público que ‘antes de se pedir a prisão de alguém deveria se passar um dia na cadeia’. Gênio, visionário e à frente de seu tempo, Lyra informava que apenas a experiência viva permite compreender bem uma situação (…)

Se você é contra as cotas para negros, eu o respeito. Aliás, também fui contra por muito tempo. Mas peço uma reflexão nessa semana: na escola, no bairro, no restaurante, nos lugares que frequenta, repare quantos negros existem ao seu lado, em condições de igualdade (não vale porteiro, motorista, servente ou coisa parecida). Se há poucos negros ao seu redor, me perdoe, mas você precisa ‘passar um dia na cadeia’ antes de firmar uma posição coerente não com as teorias (elas servem pra tudo), mas com a realidade desse país. Com nossa realidade urgente. Nada me convenceu, amigos, senão a realidade, senão os meninos e meninas querendo estudar ao invés de qualquer outra coisa, querendo vencer, querendo uma chance (…)”

(William Douglas, juiz federal (RJ), mestre em Direito (UGF), especialista em Políticas Públicas e Governo (EPPG/UFRJ), professor e escritor, ao revelar – clique aqui para ver o depoimento completo – por que mudou de ideia quanto às cotas)

Sobre mariomarcos

Jornalista, natural de criciúma, fã incondicional de filmes, bons livros e esportes
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10 respostas para Frases que fazem pensar

  1. Tigre disse:

    MM,

    Sou a favor das cotas, mas acho que elas deveriam existir desde o início da vida escolar do cidadão. Desde o berçário. Assim não precisaríamos utilizar o sistema nas universidades, porque os melhores seriam selecionados, e entre esses estariam diversos cotistas. Mas acho que isso é apenas um devaneio e nunca ocorrerá em nossa país.

  2. Geraldo disse:

    Não cabe ao jurista discorrer sobre programas sociais. Há profissionais bastante qualificados para tal.
    Me admira vc, MM, citar um “burguês” que ganha MUITO $ explorando e alimentando a ilusão dos incautos concurseiros… Quem conhece sabe que o mesmo planta dificuldades para vender facilidades.
    Aliás, de acordo com os profissionais do Serviço Social, as ações afirmativas deveriam ser transitórias, bem diferente da “ad eternum” compra de votos atual.

    • mariomarcos disse:

      Em nenhum lugar está escrito ou estipulado que elas serão eternas. Todos que falam lembram que é um período necessário de ajuste. Foi assim nos EUA (em alguns lugares ainda existem) e será assim aqui também. Para completar, eu não tenho preconceitos sobre status social das pessoas. O que me interessa é a opinião, seja ela de onde for, até mesmo de um ‘burguês’, para ficar na tua definição. Não carimbo as pessoas pela origem delas, mas elogio sempre que considere suas opiniões corretas.

      • Gravato disse:

        Se você é a favor das quotas, eu o respeito também.
        Nesse ponto não estamos de acordo.
        Discordo da seguinte fase do “post”: “não vale porteiro, motorista, servente ou coisa parecida”
        O que será que o mestre quis dizer com essas palavras?
        Então não vale borracheiro
        Quais os negros que valem?
        Por que os negros precisam de quotas?
        Estamos de acordo, acredito, que as pessoas não devam ter preconceito ( “pós conceitos pode?)
        Particularmente, sou contrário a qualquer tipo de “diferenciamento” entre pessoas, mas somos todos responsáveis por nossas circunstâncias, nossa escolhas.
        Não escolhemos ser negros.
        Não escolhemos ser filhos de miseráveis.
        Escolhemos unicamente o que faremos com nossas vidas, para prolonga-la e criar nossos filhos.
        Quero que meus filhos conquistem o que quiserem, sem precisar do estado.
        Sonho que possam, todos, entender que sua vida está em suas mãos e eu tenham liberdade para fazer dela o que quiserem.
        Para concluir aceito o elogio, pois considero minhas opiniões corretas.
        Para efeitos de registro no blog: não sou burguês

      • mariomarcos disse:

        Achar que todas as pessoas terão chance, independentemente de como nascem, é utopia, meu caro. O papel do Estado é ajudar, sim, e dar um empurrão (ou facilitar) a vida daqueles que terão dificuldades para conquistar espaço.

      • Gravato disse:

        Posso concordar se considerar um estado utópico, pois o que temos visto é justamente o contrário. Me parece que o estado toma muito mais do que distribui e quando distribui, o faz com objetivos eleitoreiros.
        Nossa desgraça é sempre fruto de nossa ignorância. Somos galinhas votando em raposas, por um punhado de milho.
        Posso concordar com ajuda social desde que não seja baseada em critérios raciais.
        A aguilhoada da fome não é mais ou menos forte por causa da cor da pela.
        Será que podemos concordar também que para ajudar não são precisos tantos ministros e secretários?
        Se sim, então estamos de acordo que o estado menor é melhor. A questão é a eficiência e a honestidade com que essa ajuda é providenciada.

  3. marcos gaúcho de BSB disse:

    O WD escreveu essa semana que, em relação a concursos públicos, é contra as cotas, MM.
    Só para mostrar que temos matizes distintas entre ser totalmente a favor das ações afirmativas e achar que não existe preconceito.

    Eu, particularmente, sou favorável a cotas sociais, para estudantes do ensino público. Creio que essas cotas sociais atingiriam os estudantes de diferentes etnias. Na falta de cotas sociais, acho positivas as cotas raciais positivas.

    Minha principal resistência às cotas raciais no ensino público é o fato do “julgamento racial institucional”, ou seja, o Estado carimbando as pessoas como negras, índias ou brancas. Outro ponto de resistência é o fato de termos muita miscigenação no Brasil, o que dificulta ainda mais esse “julgamento”.

  4. marcos gaúcho de BSB disse:

    Só para deixar claro, concordo plenamente que temos um problema de racismo no Brasil e basta olharmos ao redor, nas posições e empregos ocupados por brancos e negros, para ver isso.

  5. Saci Colorado disse:

    William Douglas não é digno de acompanhar Nelson Hungria e Roberto Lyra, nem mesmo num curto texto.

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