O exemplo que vem da Holanda

Há alguns anos, durante viagem à Holanda, conheci de perto o complexo sistema de diques do Delta, em meio ao mar. São nove quilômetros de barreira, mais duas ilhas artificiais, que servem de proteção ao país.

A Holanda, vocês sabem, está abaixo do nível do mar.

Quem visita não se impressiona apenas com a barreira. A estrutura é formada por um complexo permanente, com funcionários e equipamentos. Dá para circular de carro por algumas partes.

Sempre que o nível do mar sobe três metros, as gigantescas portas são fechadas para que as águas não invadam o país. É um sistema automático, mas quando ele falha, entra em ação o plano B para garantir o funcionamento.

Uma vez por mês, todas as comportas são fechadas, mesmo sem alteração do nível da água. São os testes para comprovar o bom funcionamento. A Holanda gasta 17 milhões de euros por ano só nos testes. A segurança dos holandeses não permite economizar – e não há espaços para surpresas.

Por que lembro do Delta? Porque o sistema de proteção de Porto Alegre, muito menos complexo, é negligenciado de tal forma pelo poder público que fracassou diante das águas do Guaíba quando precisou ser acionado.

Portas tiveram de ser fechadas com ajuda de trator, outras abriram brechas que permitiram a passagem da água que inundou boa parte da Capital, uma desabou com a pressão, bombas tiveram de ser desligadas. Um fiasco.

Falência completa porque, nos períodos de calmaria, os governantes esquecem de que uma manutenção rigorosa é fundamental. A prioridade é deixada de lado.

Se o sistema daqui fosse tratado com seriedade, certamente ninguém veria a catástrofe que hoje atormenta os habitantes de Porto Alegre. A exemplo dos holandeses do Delta, ninguém seria surpreendido pela subida repentina das águas.

Vamos torcer para que ao menos as lições tenham sido aprendidas.

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Jogos dos gaúchos mais uma vez adiados

Os jogos de todos os times gaúchos estão adiados até o próximo dia 27. Não havia mesmo como treinar e jogar nestes dias em que o Estado vive sua maior catástrofe climática.

Não são apenas as partidas da CBF.

A Conmebol anunciou nesta terça-feira que as partidas de Grêmio e Inter contra Huachipato (Libertadores) e Tomayapo (Sul-Americana), transferidos para a próxima semana, estão novamente adiados.

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As diferenças

Houve um momento desta tragédia em que um dos entrevistados disse que as lojas já não tinham mais rádio de pilha para vender.

Em meio ao caos, as pessoas se deram conta de que o radinho, ainda muito presente nos estádios, era o jeito de seguir conectado – e esgotaram os estoques.

A mensagem subliminar aí é a seguinte: em momentos como este, é preciso recorrer ao jornalismo, não ao tio do zap ou aos grupos que já não sabem mais diferenciar verdade de mentira.

E o jornalismo, de todos os veículos, tem feito um trabalho exemplar, de informação, serviço e orientação.

Nestes momentos, quem é jornalista tem todos os motivos para ficar orgulhoso.

Só espero que as pessoas, finalmente, percebam as diferenças entre picaretas, que invadiram as redes, e o Jornalista.

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Sem campos, sem voos. O que a dupla Gre-Nal pode fazer?

Sei, é complicado falar em futebol num momento trágico como o atual, mas é preciso. Tudo indica que a dupla Gre-Nal terá de pensar em uma estrategia típica de clubes de países envolvidos em conflitos. Talvez seja preciso mudar de sede por enquanto.

Em Porto Alegre, não é possível treinar (os centros de treinamentos e os estádios estão alagados), nem mesmo se deslocar com segurança. Treinar em outra cidade e seguir em Porto Alegre é uma hipótese improvável pela dificuldade da logística.

Para complicar ainda mais, na manhã desta segunda-feira, a Fraport, administradora do Salgado Filho, comunicou a Aeronáutica que o aeroporto deverá ficar fechado para pousos e decolagens até o final deste mês. O prazo pode até ser encurtado, de acordo com o tempo e o fluxo das águas, mas pelo nível do alagamento talvez seja preciso manter o bloqueio até o fim.

Além disso, não será possível seguir com adiamentos de jogos indefinidamente porque, em algum momento, não haveria mais espaço para cumprir os confrontos na temporada.

A Dupla, por algum tempo, talvez tenha de mudar de cidade.

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Conmebol adia jogos da dupla Gre-Nal

A Conmebol fez o que era inevitável: adiou os jogos da dupla Gre-Nal marcados para a próxima semana. O Inter jogaria terça-feira, contra o Tomayapo, pela Sul-Americana, e o Grêmio contra o Huachipato, na quarta.

Não havia mesmo condições de manter o calendário.

Grêmio e Inter nem têm condições de treinar porque as áreas de trabalho dos clubes estão alagadas. Além disso, o aeroporto segue fechado, ao menos até segunda-feira.

Todos os jogos dos times gaúchos pelas competições nacionais também foram transferidos.

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A hora do jornalismo

Em períodos como este que o Estado vive, fica ainda mais evidente a importância do jornalismo.

A população buscou informações confiáveis onde?

No trabalho dos repórteres, de todos os veículos, que relataram o que havia nas cidades devastadas – e davam as informações vitais para a orientação das pessoas e o socorro às vítimas.

Serviço puro, jornalismo na essência.

Nada de recorrer aos tios do zap, aos grupos que se divertem com mentiras.

Nestas horas, a população percebe claramente a importância do jornalismo profissional.

Espero que não se esqueçam do que que estão aprendendo na prática.

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Lições nunca aprendidas

O mais desesperador é que a sociedade, mais uma vez, não vai aprender nada com a catástrofe destes últimos dias no Rio Grande do Sul.

Assim que o susto passar, que as águas dos rios voltarem a seus leitos normais, a rotina fará com que as pessoas se acomodem, de novo, apesar de o Estado ter sido castigado pelo menos três vezes, com sérios prejuízos e dezenas de mortes nos últimos meses.

Poucos ligarão as tragédias às alterações climáticas – provocadas pelas ações destrutivas do ser humano.

E dentro de pouco tempo, quando quando alguma grande empresa estiver por se instalar e surgir um debate entre ambientalistas e o interesse econômico, mais uma vez o dinheiro vai ganhar por nocaute – e os alertas de ambientalistas e cientistas serão chamados de atraso ou de ação de gente chata.

Agora mesmo o Congresso está perto de permitir a redução de áreas de Mata Atlântida ainda protegidas. É sempre assim.

Não aprendemos nada com estes alertas da Natureza.

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Inter x Juventude fica para o dia 10

Os temporais, a destruição especialmente no Interior, com bloqueios de estradas, forçaram a CBF a transferir para o próximo dia 10 o jogo entre Inter e Juventude, pela Copa do Brasil, marcado inicialmente para a noite desta quarta-feira, no Beira-Rio.

O Juventude nem conseguiu chegar a Porto Alegre. Não deu para seguir o itinerário habitual, mas o alternativo, que aumentava o tempo de viagem para três horas, também ficou inviável pela queda de barreiras. O jeito foi desistir.

Além disso, havia o risco para os torcedores.

Valeu o bom senso.

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Empate com pouco futebol em Ponta Grossa

No caminho para casa, as 6.088 pessoas que pagaram R$ 350 para assistir ao jogo entre Operário e Grêmio, pela Copa do Brasil, certamente chegaram à conclusão de que teriam empregado bem melhor o dinheiro em outra atividade. Elas pagaram caro – tanto a torcida da casa como a gremista – esperando um bom jogo e viram um futebol ruim, cheio de erros e quase desanimado, especialmente do favorito Grêmio, no empate em 0 a 0, na noite desta terça-feira.

Do ponto de vista prático, foi um resultado satisfatório para o Grêmio. Basta jogar um pouco melhor na Arena, contra um adversário frágil, para confirmar a classificação e garantir a vaga na próxima fase, que já poderia ter sido encaminhada em Ponta Grossa se o time jogasse com um pouco mais de disposição.

Renato tem insistido no desgaste dos jogadores, submetidos a jogos frequentes, com viagens e pouco tempo de recuperação, mas nem isso justifica um futebol tão ruim na noite desta terça-feira. O time passou a impressão que apenas esperava o tempo passar, evitando a derrota, e vindo logo para o conforto da Arena.

O técnico mudou bastante a equipe, poupando alguns titulares depois do confronto complicado em Salvador. Escalou Natã e Gustavo Martins (que teve de ser substituído logo aos 21 minutos ao sentir lesão muscular) na zaga, Zé Guilherme na lateral, manteve o meio com Villasanti, Pepê e Cristaldo, e Galdino na direita, ao lado de Diego Costa e Gustavo Nunes. Dos escolhidos para enfrentar o Operário, o que mais rendeu foi Galdino. Ele pelo menos se esforçou, fez jogadas pelos dois lados e quando Cristaldo foi substituído no segundo tempo, preencheu bem o espaço no meio.-campo. No mais, ficaram todos bem abaixo do esperado.

O mais constrangedor para o torcedor foi ver o time claramente recuado, procurando manter o empate contra um adversário que pouco fez para ganhar.

– Eu estou muito feliz com meus jogadores, só nós sabemos o desgaste que eles têm enfrentado – disse Renato no fim,

Além da troca do lesionado Gustavo Martins por Rodrigo Ely, Renato também fez outras trocas. No intervalo, de Pepê e João Pedro por Dodi e Edenílson – que passou a jogar na lateral-direita. Depois, substituiu Cristaldo por Nathan Fernandes e, por último, Diego Costa, cansado, por JP Galvão. A melhor chance do time no segundo tempo surgiu de boa jogada de Nathan pela direita, que o goleiro desviou a escanteio.

O Grêmio volta a campo domingo. Enfrenta o Criciúma, na Arena, pelo Brasileirão.

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Grêmio começa a disputar classificação na Copa do Brasil

O Grêmio nem voltou a Porto Alegre. Saiu de Salvador, passou por Curitiba e, na segunda-feira, de ônibus, tomou o caminho de Ponta Grossa, local do jogo desta noite contra o Operário, pela terceira fase da Copa do Brasil. A decisão da vaga será na Arena.

Renato, que dirigiu treino já na cidade do jogo (foto), terá todos os titulares. Marchezín, Pepê e Cristaldo voltam ao time. Edenílson, de boa atuação no tempo em que esteve em campo contra o Bahia, segue no ataque, fazendo o trabalho de ligação pela direita, junto com Diego Costa e Soteldo.

O Operário não deve ser um adversário complicado para a classificação do Grêmio, mesmo jogando diante de sua torcida – até porque os grandes clubes gaúchos sempre têm torcidas numerosas na região.

O jogo começa às 20h.

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