Ministro Joaquim Barbosa abre o jogo na Folha

No último fim de semana, o ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão e presidente já eleito do novo período do Supremo Tribunal de Justiça Desportiva, concedeu entrevista à colunista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

É um belo depoimento de um ministro que rejeita a tentação de se considerar herói.

Ele fala de sua vida, da forma como foi indicado para o STF, dos poucos contatos com Lula e de racismo. Rejeita o rótulo de herói por ter participação importante no processo e fala da transformação do país nos últimos anos.

Raramente reproduzo textos completos aqui no blog, mas  esta é uma entrevista 9que teve grande repercussão no país) do homem que comanda o rumoroso processo do mensalão. Até porque nem todos leram o jornal ou alguns sites que reproduziram a conversa com Barbosa. Então, vamos a ela:

Folha de S.Paulo, edição de 7/10/2012

MÔNICA BERGAMO

COLUNISTA DA FOLHA

O “dia mais chocante” da vida de Joaquim Benedito Barbosa Gomes, 57, segundo ele mesmo, foi 7 de maio de 2003, quando entrou no Palácio do Planalto para ser indicado ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A ocasião era especial: ele seria o primeiro negro a ser nomeado para o tribunal.

“Eu já cheguei na presença de José Dirceu [então ministro da Casa Civil], José Genoino [então presidente do PT], aquela turma toda, para o anúncio oficial. Sempre tive vida reservada. Vi aquele mar de câmeras, flashes…”, relembrava ele em seu gabinete na terça-feira, 2.

No dia seguinte à entrevista com a Folha, e nove anos depois da data memorável de sua nomeação, Joaquim Barbosa condenou  Dirceu e Genoino por corrupção.

Para conversar com o jornal, impôs uma condição: não falar sobre o processo, ainda em andamento no STF.

O TELEFONE TOCA

Barbosa diz que foi Frei Betto, que o conhecia por terem participado do conselho de ONGs, que fez seu currículo “andar” no governo.

“Eu passava temporada na Universidade da Califórnia, Los Angeles. Encontrei Frei Betto casualmente nas férias, no Brasil. Trocamos cartões. Um belo dia, recebo e-mail me convidando para uma conversa com [o então ministro da Justiça]  Márcio Thomaz Bastos em Brasília.”

Guarda a mensagem até hoje.

“Vi o Lula pela primeira vez no dia do anúncio da minha posse. Não falei antes, nem por telefone. Nunca, nunca.”

Por pouco, não faltou à própria cerimônia. “Veja como esse pessoal é atrapalhado: eles perderam o meu telefone [gargalhadas].”

Dias antes, tinha sido entrevistado por Thomaz Bastos. “E desapareci, na moita.” Isso para evitar bombardeio de candidatos à mesma vaga.

“Na hora de me chamar para ir ao Planalto, não tinham o meu contato.” Uma amiga do governo conseguiu encontrá-lo. “Corre que os caras vão fazer o seu anúncio hoje!”

Depois, continuou distante de Lula. Não foi procurado nem mesmo nos momentos cruciais do mensalão. “Nunca, nem pelo Lula nem pela [presidente]  Dilma [Rousseff). Isso é importante. Porque a tradição no Brasil é a pressão. Mas eu também não dou espaço, né?”

O ministro votou em Leonel Brizola (PDT) para presidente no primeiro turno da eleição de 1989. E depois em Lula, contra Collor. Votou em Lula de novo em 2002.

“Vou te confidenciar uma coisa, que o Lula talvez não saiba: devo ter sido um dos primeiros brasileiros a falar no exterior, em Los Angeles, do que viria a ser o governo dele. Havia pânico. Num seminário, desmistifiquei: ‘Lula é um democrata, de um partido estabelecido. As credenciais democráticas dele são perfeitas’.”

O escândalo do mensalão não influenciou seu voto: em 2006, já como relator do processo, escolheu novamente o candidato Lula, que concorria à reeleição.

“Eu não me arrependo dos votos, não. As mudanças e avanços no Brasil nos últimos dez anos são inegáveis. Em 2010, votei na Dilma.”

DE LADO

No plenário do STF, a situação muda. Barbosa diz que “um magistrado tem deveres a cumprir” e que a sociedade espera do juiz “imparcialidade e equidistância em relação a grupos e organizações”.

Sua trajetória ajuda. “Nunca fiz política. Estudei direito na Universidade de Brasília de 75 a 82, na época do regime militar. Havia movimentos significativos. Mas estive à parte. Sempre entendi que filiação partidária ou a grupos, movimentos, só serve para tirar a sua liberdade de dizer o que pensa.”

VENCEDOR E VENCIDO

Barbosa gosta de dizer que não tem “agenda”. Em 2007, relatou processo contra Paulo Maluf (PP-SP). Delfim Netto não era encontrado para depor como testemunha. Barbosa propôs que o processo continuasse. Foi voto vencido no STF. O caso prescreveu.

No mesmo ano, relatou processo em que o deputado Ronaldo Cunha Lima (PSDB-PB) era acusado de tentativa de homicídio. O réu renunciou ao mandato e perdeu o foro privilegiado. Barbosa defendeu que fosse julgado mesmo assim. Foi voto vencido no STF.

Em 2009, como relator do mensalão do PSDB, propôs que a corte acolhesse denúncia contra o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo. Quase foi voto vencido no STF – ganhou por 5 a 3, com três ministros ausentes.

Dois anos antes, relator do mensalão do PT, propôs que a corte acolhesse denúncia contra José Dirceu e outros 37 réus. Ganhou por 9 a 1.

NOVELA RACISTA

Barbosa já disse que a imprensa “nunca deu bola para o mensalão mineiro”, ao contrário do que faz com o do PT.

“São dois pesos e duas medidas”, afirma.

A exposição na mídia não o impede de fazer críticas até mais ácidas.

“A imprensa brasileira é toda ela branca, conservadora. O empresariado, idem”, diz.

“Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras.”

O racismo se manifesta em “piadas, agressões mesmo”.

“O Brasil ainda não é politicamente correto. Uma pessoa com o mínimo de sensibilidade liga a TV e vê o racismo estampado aí nas novelas.”

Já discutiu com vários colegas do STF. Mas diz que polêmicas “são muito menos reportadas, e meio que abafadas, quando se trata de brigas entre ministros brancos”.

“O racismo parte da premissa de que alguém é superior. O negro é sempre inferior. E dessa pessoa não se admite sequer que ela abra a boca. ‘Ele é maluco, é um briguento’. No meu caso, como não sou de abaixar a crista em hipótese alguma…”

Barbosa, que já escreveu um livro sobre ações afirmativas nos EUA, diz que o racismo apareceu em sua “infância, adolescência, na maturidade e aparece agora”.

Há 30 anos, já formado em direito e trabalhando no Itamaraty como oficial de chancelaria – chegou a passar temporada na embaixada da Finlândia -, prestou concurso para diplomata. Passou. Foi barrado na entrevista.

DE IGUAL PARA IGUAL

É o primeiro filho dos oito que o pai, Joaquim, e a mãe, Benedita, tiveram (por isso se chama Joaquim Benedito).

Em Paracatu, no interior de Minas, “Joca” teve uma infância “de pobre do interior, com área verde para brincar, muito rio para nadar, muita diversão”. Era tímido e fechado.

A mãe era dona de casa. O pai era pedreiro. “Mas ele era aquele cara que não se submetia. Tinha temperamento duro, falava de igual para igual com os patrões. Tanto é que veio trabalhar em Brasília, na construção, mas se desentendeu com o chefe e foi embora”, lembra Joaquim.

O pai vendeu a casa em que morava com a família e comprou um caminhão. Chegou a ter 15 empregados no boom econômico dos anos 70. “E levava a garotada para trabalhar.” Entre eles, o próprio Joaquim, então com 10 anos.

RUMO A BRASILIA

No começo da década, Barbosa se mudou para a casa de uma tia na cidade do Gama, no entorno de Brasília.

Cursou direito, trabalhou na composição gráfica de jornais, no Itamaraty. Ingressou por concurso no Ministério Público Federal.

Tirou licenças para fazer doutorado na Universidade de Paris-II. E passou períodos em universidades dos EUA como acadêmico visitante. Fala francês, inglês e alemão.

Hoje, Barbosa fica a maior parte do tempo em Brasília, onde moram a mãe, os sete irmãos e os sobrinhos. O pai já morreu. Benedita é evangélica e “superpopular”. Em seu aniversário de 76 anos, juntou mais de 500 pessoas.

O ministro tem também um apartamento no Leblon, no Rio, cidade onde vive seu único filho, Felipe, 26. Se separou há pouco de uma companheira depois de 12 anos de relacionamento.

PÚBLICO

A Folha pergunta se Barbosa não tem o “cacoete da condenação” por ter feito carreira no Ministério Público, a quem cabe formular a acusação contra réus.

“De jeito nenhum. O que eu tenho do MP é esse espírito de preocupação com a coisa pública. Mesmo porque não morro de amores por direito penal. Sou especialista em direito público.”

DEVER

Nega que tenha certa aversão por advogados. E nega também que tenha prazer em condenar, sem qualquer tipo de piedade em relação à pessoa que perderá a liberdade.

“É uma decisão muito dura. Mas é também um dever.”

“O problema é que no Brasil não se condena”, diz. “Estou no tribunal há sete anos, e esta é a segunda vez que temos que condenar. Então esse ato, para mim e para boa parte dos ministros do STF, ainda é muito recente.”

Diante de centenas de grandes escândalos de corrupção no Brasil, e de só o mensalão do PT ter chegado ao final, é possível desconfiar que a máquina de investigação e punição só funcionou para este caso e agora será novamente desligada?

“Não acredito”, diz Barbosa. “Haverá uma vigilância e uma cobrança maior do Supremo. Este julgamento tem potencial para proporcionar mudanças de cultura, política, jurídica. alguma mudança certamente virá.”

MEQUETREFE

O caso Collor, por exemplo, em que centenas de empresas foram acusadas de pagar propina para o tesoureiro do ex-presidente, chegou “desidratado” ao STF, diz o ministro. “Tinha um ex-presidente fora do jogo completamente. E, além dele, o quê? O PC, que era um mequetrefe.”

O país estava “mais próximo do período da ditadura” e o Ministério Público tinha recém-conquistado autonomia, com a Constituição de 1988. Até 2001, parlamentares só eram processados no STF quando a Câmara autorizava. “Tudo é paulatino. Mas vivemos hoje num país diferente.”

PONTO FINAL

Desde o começo do julgamento do mensalão, o ministro usa um escapulário pendurado no pescoço. “Presente de uma amiga”, afirma.

Depois de flagrado cochilando nas primeiras sessões, passou a tomar guaraná em pó no começo da tarde.

Diz que não gosta de ser tratado como “herói” do julgamento.

“Isso aí é consequência da falta de referências positivas no país. Daí a necessidade de se encontrar um herói. Mesmo que seja um anti-herói, como eu.”

Sobre mariomarcos

Jornalista, natural de criciúma, fã incondicional de filmes, bons livros e esportes
Esse post foi publicado em Gente e marcado , , , . Guardar link permanente.

74 respostas para Ministro Joaquim Barbosa abre o jogo na Folha

  1. É do ardo? disse:

    Sem palavras para esse cara…
    No fim, a justiça triunfará…

    • Rafael disse:

      Espero que usem essas mesmas teses para julgar o mensalão tucano, a privataria tucana e o caso Cachoeira. Mas duvido que isso aconteça, pois, nesses casos, não haverá pressão da imprensa, como não houve até agora.

      • João Ninguém disse:

        Sim, o caso do Cachoeira pouco apareceu na televisão…

      • Guilherme Lajeado disse:

        É, essa maldita imprensa golpista… Não sei como deixaram o Lula assumir e se reeleger… Devem tá armando algo, com certeza!

      • Rafael disse:

        É porque a Veja está visceralmente envolvida, respingando por toda a mídia brasileira, que também se nutriu de suas infâmias. Como dizia Roberto Marinho: “o importante não é o que eu publico, é o que eu não publico”.

      • Guilherme Lajeado disse:

        Claro, a Veja influencia até o STF…

        Só não sei como deixaram o PT assumir, já que eles “dominam” o Brasil. Sabe a resposta?

      • Guilherme Lajeado disse:

        A propósito… A família Marinho é dona da Rede Globo (revista Época…) e não da Veja…

      • Rafael disse:

        Quem disse que a família Marinho é dona da Veja?

      • Celso disse:

        1. A (Ex)CPI do Cachoeira foi muito mais noticiada do que o julgamento do mensalão.
        2. Eu escrevi “Ex” porque houve um “grande acordo” entre PT/PMDB/PSDB para encerrá-la(mais uma pizza) a fim de não comprometer mais ninguem, segundo noticiario da ultima terça-feira.
        3. SÃO TODOS IGUAIS…

      • Rafael disse:

        Celso, somente serão iguais se forem julgados e condenados da mesma forma. É isso o que envergonha o país: a moralidade seletiva. TODOS que transgrediram a lei devem ser punidos, sem exceção.

      • Miguel disse:

        Se o governo Lula tivesse sido tudo que Reinaldo Azevedo fala teria no mínimo proibido seu blog e tentado fechar a revista Veja.
        Se Dilma fosse tudo que ele dizia na época da última campanha eleitoral para presidente ele já teria sido morto (no mínimo expulso do país) a veja dinamitada e seus donos presos, expulsos ou mortos.

      • Guilherme Lajeado disse:

        Rafael, tu não disse, mas deu a entender… É tipo usar uma frase do Paulo Odone para justificar o comportamento do S. C. Internacional… Cada um na sua…

      • Rafael disse:

        A mídia no Brasil se comporta de forma monolítica, uns protegendo os outros. Há pouca diversidade de opinião.

      • Rafael disse:

        Guilherme, sua analogia com a dupla Gre-Nal é inadequada. O grupo Abril e a rede Globo não se comportam como adversários, muito menos inimigos. Há muita colaboração entre eles. Houve várias edições do Jornal Nacional apenas repercutindo reportagens da Veja, ao invés deles próprios investigarem os casos. A Veja, por sua vez, faz seguidas matérias sobre as novelas da Globo. Uma mão lava a outra.

      • 66colorado66 disse:

        O repórter André Rizek, autor da matéria sobre a “Máfia do Apito”, máfia formada até agora, comprovadamente, por não mais de 2 juízes e com o mais conhecido deles, Edilson Pereira de Carvalho, corrupto confesso, mas que não teve influência nenhuma nos resultados das partidas anuladas para beneficiar o Corinthians, saiu da Revista Veja direto para os quadors da Rede Globo.

  2. marianomonkey disse:

    Um belo exemplo para o Brasil de hoje, em que as pessoas se vitimizam e culpam sempre os outros por seus próprios problemas ou sua incompetência..

    Um cara que se fez sozinho, à custa de muito suor, perseverança e abnegação, sem bolsa-isso ou bolsa-aquilo, o que prova que trabalho, estudo e dignidade não se compram, não são fáceis e COMPENSAM sempre…erra como qualquer ser humano, mas tem caráter e não se dobra para poderosos (o que é fundamental na sua posição)..

    muito diferente de outros “ídolos” por aí, que NUNCA trabalharam na vida, sempre mamaram em tetas (do governo, sindicatos ou de partidos), mancham o país com corrupção, pregando moral de cuecas e são divinizados apenas por ter orgulho em ser semi-analfabetos e que NUNCA estudaram.

  3. 66colorado66 disse:

    Poderia, se quisesse, ser candidato à Presidência da República nas próximas eleições e dar início ao tão necessário choque de moralidade e honestidade que o Brasil tanto precisa.
    Nosso país precisa muito mais de um Presidente que seja um exemplo de conduta e de respeito aos direitos do cidadão do que um excelente administrador.
    O exemplo vem de cima. E quem esteve lá em cima nos últimos governos, sempre deu maus exemplos.
    Até estádio de futebol pro time do coração conseguiram providenciar.
    Quem sabe não está nessa figura íntegra os tão esperados ventos da mudança no Brasil.
    Vou torcer por isso.

    • marianomonkey disse:

      Bah, mas aí estraga o negão!
      Deixa como ele é Juiz, que assim ele já entrou com extrema dignidade, honradez e caráter, para a história do judiciário brasileiro e, porque não dizer, do País..
      Ministro, nós brasileiros que acreditamos neste País, apesar dos pesares, estamos contigo!!

    • Rafael disse:

      Adivinha por qual partido ele se canditaria? Há pistas na entrevista.

    • Telmog disse:

      Olha tche, baseado aqui nos US, e vendo a trajetoria similar (a grosso modo) do Obama, a pessoa identifica que UMA pessoa so nao consegue levar uma mudanca de habitos e costumes a efeito. Nem entro no assunto Racismo, mas mesmo uma pessoa decente nao tem como avancar uma agenda se nao tem apoio politico do legislativo.
      O FHC tambem serve de exemplo para pessoa reta e digna (sem discutir agenda), o mesmo para o Sen. Pedro Simon, Ulisses, e alguns expoentes de pessoas que passaram a vida na politica e nao tem maculas corruptas.
      Agora, o legislativo eh um reflexo da sociedade e da cultura local.

    • ZAMORA disse:

      Concordo plenamente , mas precisa ser menos ” turrão ” e dono da verdade . Como se viu no Julgamento do Mensalão, não admite que ninguem tenha opinião contrária à dele .

      • mariomarcos disse:

        Nem ele nem muita gente. Hoje li algo espantoso: o Lewandowski foi vaiado e teve de usar seguranças ao circular em um local público. Pior é que as pessoas apoiam isso sem se dar conta de que o equivalente seria o Barbosa ser vaiado ou ameaçado de agressão ao passar diante de uma sede do PT ou de correligionários do Dirceu. Seria um absurdo tão grave quanto este do Lewandowski. Vivemos em uma democracia e as pessoas precisam a respeitar divergências. Assim como um julgamento precisa admitir culpa ou inocência, concordância ou discordância.

      • 66colorado66 disse:

        Tá na cara…o Lewandowski é gremista e o Barbosa é coloradaço!!

  4. Marcus disse:

    Mario,
    nestes tempos de tuíter, textos maiores do que uma lauda são inexpugnáveis…
    🙂
    abs
    Marcus

    • mariomarcos disse:

      Dá para notar por alguns comentários. Ou então alguns não entenderam o que ele falou.

      • ZAMORA disse:

        Claro que entenderam Marcos. Não querem é dar a mão à palmatoria.
        Se fazem de desentendidos para poder justificar as suas teses.
        Esses desentendidos ……

      • mariomarcos disse:

        Ele fala nos dois pesos e duas medidas, na dificuldade para aprovar o julgamento do outro mensalão (votação apertada), na transformação do país nos últimos 10 anos (ÚLTIMO), abriu seu voto nas eleições. Foi uma entrevista surpreendente para mim.

  5. Santiago disse:

    Pode-se concordar ou discordar de determinados comportamentos dele (como esse deslumbre com o estrelato que ele outrora havia condenado no Gilmar Mendes), mas parece se tratar de um sujeito bem-intencionado. Ninguém nasce preto e pobre e termina no STF sem muita força de vontade – ou muita safadeza, o que não parece ser o caso.

    Pena que, pela liturgia do cargo, ele não poderia responder a perguntas sobre o comportamento do ministro LewandoPT, pronto para inocentar todos daquele partido. Também seria interessante o Barbosa responder porque o líder da máfia mensaleira não está sequer no Tribunal, para ser devidamente condenado e preso.

    • mariomarcos disse:

      Oito ministros foram indicados pelo PT. Por que só o Lewandowski faria isso? Contraditório faz parte até dos tribunais. Cabe a gente aceitar votos discordantes – ou então não é julgamento.

      • Celso disse:

        Perdão, Mário, mas o Lewandowski foi indicação “familiar”, daí a defesa intransigente.

      • mariomarcos disse:

        Discordo. O Lewandowski só virou Judas porque ousou contrariar a força da opinião pública e decidiu examinar as provas. Qualquer um que ousasse dar um voto por inocência, mesmo que fosse Gilmar Mendes, seria crucificado.

      • marianomonkey disse:

        Tu queres me dizer então, Marcos, que o Lewandowski e o advogado do PT, Toffoli, estão certos e os outros ministros estão errados? É isso?
        Eu, sinceramente, não acredito que tu aches que estas pessoas não tiveram participação nenhuma no mensalão, ou que o dito cujo não existiu…
        Sinceramente, MaRCOS, ESQUERDISMO TEM LIMITES..

      • mariomarcos disse:

        Não disse isso em nenhum momento. Estás indo além do que eu escrevi. O que digo é que um julgamento prevê todas as possibilidades. Portanto, é preciso aceitar que pode inocentar. Ninguém queria isso. É disso que falo, tanto que os ministros que ousaram ir contra a corrente hoje estão sendo criticados até em mensagens como esta tua. Não falei que são inocentes. Por sinal, no início do julgamento eu deixei bem claro: não tenho a mínima preocupação pela sorte dos culpados. Quem errou, que pague. Sempre me preocupei com os eventuais inocentes. Tenho este ‘defeito’ de olhar para todos os lados e não ver esquerda e direita em tudo. Nem de demonizar este ou aquele. Nem de rotular quem discorda de mim.

      • Celso disse:

        Deus meu!
        De hoje em diante me limitarei a ler e comentar apenas tuas postagens sobre futebol…

  6. Guilherme Lajeado disse:

    Há uma contradição no pensamento dele. Se o Brasil é um país racista (digo no geral!), como é que elevam um negro ao status de herói? E não quero dizer que o racismo não existe, porque todos sabemos que ele existe, em algumas(!) situações. Só não gosto de afirmações do tipo que “a elite branca” comanda…

    Com relação ao Ministro em si, acho que é uma pessoa merecedora do cargo que ocupa, com conhecimento jurídico e isento. No entanto, cabe aqui uma crítica. Em muitos momentos o comportamente dele, em discussões, é reprovável. Acaba se exaltando e com isto perdendo a compostura.

    • Rafael disse:

      Quantas outras vezes você viu um negro na capa da Veja? Aliás, lá existe uma ordem interna quanto a isso…

      • Guilherme Lajeado disse:

        E como tu sabe desta ordem interna? Fonte segura?

        Sobre o número de negros na capa de Veja, não sei, mas já vi muitas… Inclusive a desta semana estampa um negro.. Mas já que tu tem estatísticas que comprovam que o número de capas com negros é baixa (em comparação a proporção de negros na população brasileira), por favor, nos esclareça com os números…

        Afirmar coisas de fundamento é fácil… O difícil é comprovar!

      • Rafael disse:

        Estatísticas? É fácil comprovar. Todas as capas estão na internet. Basta apreciá-las.

      • João Ninguém disse:

        Sei lá, eu acho que o fato de uma ministro do STF possuir uma opinião, seguir uma determinada corrente ideológica não é motivo para por em dúvida a sua seriedade e seu discernimento perante este julgamento. Eu presumo que são pessoas idôneas, corretas e, acima de tudo, responsáveis para com o cargo que ocupam. Da mesma forma, não vejo problema algum em um árbitro assumir o time do coração. Quanto aos jornalistas, essa discussão chega a ser ridícula. Este tipo de pensamento só nos mostra o quanto somos medíocres. Eu falo por mim. Assim como sou honesto, presumo honestidade nos outros até que se prove o contrário. A presunção de inocência é um dos esteios de um verdadeiro estado de direito.

      • Guilherme Lajeado disse:

        Rafael, de novo, com relação as capas de veja. Prove! Simplesmente olhar por cima todas as capas de veja não é argumento, porque a Veja e qualquer outra revista põem na capa notícias. O fato de ter mais “brancos” do que “negros” não diz NADA. Dúvido que a Veja tenha em algum momento vetado uma capa porque era um negro que ia sair…

      • Rafael disse:

        Interessante você arguir a presunção da inocência. Já no STF isso não vale…

      • ZAMORA disse:

        Só se for atleta , preso comum, ou alguem que condene o PT ….

    • mariomarcos disse:

      Com todo respeito, Guilherme, mas não tem nada a ver. Ele só está lá, como primeiro negro do STF e primeiro a chegar à presidência, porque um presidente contrariou a regra e o indicou. Mesmo com todos os méritos dele, de sua sabedoria, não teria chegado, sabemos muito bem disso. E o fato de ser aclamado herói também não tem nada a ver com tudo isso. Qualquer um no lugar dele, que fizesse um relatório como o atual, seria entronizado. Tem muito mais a ver com o que a opinião pública esperava do que qualquer outra coisa. Eu nunca tive nenhuma dúvida de que quase todos seriam condenados, mesmo nunca tendo examinado os autos. Por quê? Porque todos nós sabemos que ninguém queria julgamento, mas condenação. E a maior prova disso é que o Lewandowski virou inimigo por ousar contrariar a tendência.

      • marianomonkey disse:

        aH, mARCOS, PARA AÍ UM POUQUINHO, DA MESMA FORMA QUE TU JÁ SABIAS QUE OS CARAS IRIAM SER CODENADOS, TODOS NÓS SABÍAMOS QUE SERIAM ABSOLVIDOS PELO LEWANDOWSKI E PELO TOFFOLI, que sequer deveria ter participado deste julgamento.?

        Qual é a explicação para isso?

      • mariomarcos disse:

        Nunca ouvi falar nesta certeza de que o Lewandowski iria inocentar. Tanto que foi uma surpresa no primeiro dia quando ele contestou o relator. E se o Toffoli deveria ser considerado suspeito e impedido, o que me contas do Gilmar Mendes, que criou toda aquela farsa da pressão na reunião (e que a procuradoria decidiu arquivar por inconsistência)? Se for pedir impedimento ninguém poderia julgar porque todos foram indicados por este ou aquele partido.

      • Guilherme Lajeado disse:

        Bom, tu tá afirmando que o julgamento foi com base na opinião pública e não nos atos…

        Com relação a indicação do Barbosa, mérito do Lula (ou podemos ver como uma jogada política também…). Mas não se pode culpar os antecessores por não terem indicando um “negro” antes, porque isso pode ser determinado por outros fatores, tipo na época não ter nenhum negro capacitado. E isso é errado, mostra a desigualdade e etc., mas não é culpa do FHC, do Itamar ou do Collor.

        E só não gosto deste papo de racismo da sociedade (e da imprensa) como um todo… Se a sociedade fosse racista não idolatraria Pelé e o próprio Ministro agora. Claro que existem exceções.

      • mariomarcos disse:

        Não, eu dei apenas a minha opinião. Ou impressão, para ser mais exato. Até baseado nestes nossos debates aqui no blog, que é um universo pequeno demais. Basta alguém fazer restrições à forma como foi encaminhando este julgamento para o cara ser bombardeado. Por quê? Porque ninguém aceita outro resultado a não ser a condenação. É disso que falo. Mas eu jamais vou condenar o Barbosa e os outros por condenarem, como acho errado condenarem o Lewandowski e algum outro por inocentarem. Eles têm os autos, eu não. Eles leram todo o processo, eu não. Gostaria que todos respeitassem os dois lados, só isso.

      • Rafael disse:

        O Lula havia decidido nomear um negro para o STF muito antes de conhecer o JB.

      • mariomarcos disse:

        Exato. Sei disso. Só quis ressaltar a importância da indicação.

  7. João Luz disse:

    Mario e amigos,
    Algumas dificuldades na interpretação de textos talvez sejam em decorrência da deficiência do ensino no Brasil.
    Em relação à entrevista de Joaquim Barbosa, vejo por dois ângulos, primeiro
    Penso que a folha foi bastante desavisada em dar-lhe espaço achando que ele ia soltar o ego em favor de suas tendencias: no entanto ele acabou declarando que a imprensa adota “dois pesos e duas medidas” ao se referir aos escândalos de corrupção petistas e tucanos, dando assim um retrato do que é também o supremo, quando afirma;
    “Em 2009, como relator do mensalão do PSDB, propôs que a corte acolhesse denúncia contra o ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo. Quase foi voto vencido no STF – ganhou por 5 a 3, com três ministros ausentes. Dois anos antes, relator do mensalão do PT, propôs que a corte acolhesse denúncia contra José Dirceu e outros 37 réus. Ganhou por 9 a 1.”
    Se tivesse como, creio que a folha nem publicaria esta entrevista. Todavia, o que não pode passar despercebido é o silencio quase sepulcral da grande mídia diante dessa acusação que pairou no ar.
    Por outro lado, inteligente como é, Joaquim deve ter lido muito bem Maquiavel, e interpretado melhor ainda, dai ter tecido loas sobre Lula, em quem diz ter votado duas vezes, e a quem diz ser um democrata com credencias perfeitas. Diz reconhecer as mudanças e os avanços no país e por isso ter votado em Dilma.
    Enfim, para que se reflita sobre a cobertura da mídia tendenciosa não só no Brasil, segue abaixo um vídeo bastante esclarecedor.

    • Guilherme Lajeado disse:

      Claro, a grande imprensa nunca denunciava as falcatruas no governo FHC…

      E outra, ele como Ministro devia saber que esse negócio de 2 pesos e 2 medidas é relativo, já que cada caso é um caso. O mensalão tucano não é igual ao do PT. Isso não quer dizer que devam ser inocentados, mas sim julgado conforme os fatos.

    • Rafael disse:

      Foi a publicação mais a contragosto dos últimos anos.

  8. sandrosaci disse:

    Legitimo mandalete das elites brasileiras.Agora posa de estrela da Globo.
    Dirceu, Delúbio e Genuino não fizeram nada de diferente do que todos de Getulio Vargas à Dilma praticam na politica brasileira.
    Não deixa de ser imoral e antiético com certeza, mas a politica é um jogo de poder onde a munição é o dinheiro.
    Foram condenados sem provas..baseados no que mesmo? ..dominio do fato..o ultimo grito em teses juridicas. Muito conveniente
    E com a pressão dos poderosos grupos de comunicação capitaneados pela Gllobo e pelo grupo Abril.
    Que agora querem dar a ele uma imagem de ponderado, independente, que veio de baixo e cresceu pelo seu esforço…pobre negrinho que lutou contra tudo e contra todo para se tornar o que é hoje e um monte de baboseiras.
    No minimo vai aparecer no program do Jõ , vai virar personagem do Zorro Total e talvez seja até tema de enredo de carnaval do Rio. Mas para mim ele não passa de mais um pelego da elites

  9. ZAMORA disse:

    Bem….
    Só imagino o dia que tivermos um Homosexual como juiz ….

  10. maria alcina dias torgo disse:

    as vendas de sentença continuam aqui no Rio,e para as grandes construtoras do esquema
    vejam o blog adelina rivetti currupira

    • maria alcina dias torgo disse:

      são real mente as estrelas da Globo,e comprometimento do tribunal do rio, coitados dos dois herdeiros idosos de adelina rivetti,o unico bem imovel esta em mãos das organizações Globo(dermesil,scandia,real,são marcos,zenalt,realty ETC).

  11. marcos gaúcho de BSB disse:

    Só passo aqui neste teu post, tardiamente, para parabenizar pela publicação (reprodução) da entrevista. Estava viajando e com com internet bem restrita.
    Discordo de vários dos teus pontos de vista sobre o julgamento, como falo aqui quando tenho oportunidade, mas é excelente o fato de reproduzir a entrevista. Aliás, mesmo discordando, em geral não vejo gente reclamando que podaste comentários contrários, o que é outro ponto a seu favor. Parabéns.

    Eu tinha uma expectativa bem diferente da tua, Mário. Achava (assim como a maioria do meus colegas de trabalho) que o STF iria aliviar para todo mundo, e as condenações por ampla maioria foram uma surpresa para mim.

    Em relação ao Levandowisk, até entendo algumas posições dele sobre as provas e a tipificação dos crimes. Entendo, mas discordo. No caso do Tófoli, acho que não tem currículo mínimo para ser ministro do Supremo. Agora os demais, alguns também inocentaram (a própria Rosa Weber, por exemplo, discordando de relator e revisor) mas nem por isso ficaram com a imagem de vilões perante a população. O que pegou para o Levandowisk foi a impressão de tentar adiar o julgamento (com o desmembramento) lá no início, e que acaba dando a impressão, correta ou não, de que ele já estava querendo inocentar a qualquer custo.

    Um abraço.

Deixe um comentário