Dica de segunda-feira

Central é um documentário que deveria ser exibido em salas de aulas, em sindicatos, universidades, centros comunitários, assembleias e câmeras municipais, igrejas, debatido em todos os lugares. É um filme que conduz o público pelos corredores do inferno em que se transformou o Presídio Central. É uma viagem por um local famoso entre os gaúchos, conduzida com talento por dois jornalistas gaúchos, a diretora Tatiana Sager e o co-diretor, roteirista e autor do livro que deu origem ao filme Renato Dornelles, o Renatinho das redações, homem que circula com desenvoltura pelo ambiente árido da polícia e pelas pistas dos sambódromos. O filme é didático – e por isso deveria ser assistido por todos. Mostra com objetividade e imagens por vezes desconfortáveis por que aquele local virou uma universidade do crime. Ninguém sai incólume de lá. O novato vira criminoso, o réu primário é forçado a cometer crimes aqui na rua. Tudo por culpa da omissão do Estado. Não deixe de ver e se prepare para sair do cinema com uma pergunta martelando os neurônios: como deixamos algo assim nascer e se desenvolver pertinho de nós? Estamos pagando caro demais pela omissão.

Vejam o trailer:

Sobre mariomarcos

Jornalista, natural de criciúma, fã incondicional de filmes, bons livros e esportes
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18 respostas para Dica de segunda-feira

  1. INTERminável COLORADO disse:

    Darcy Ribeiro já previa isso em 1982: “…Se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios…”

    O CENTRAL é apenas reflexo disso. A nossa sociedade doente é reflexo disso. Estamos à deriva.

    • INTERminável COLORADO disse:

      “Tudo por culpa da omissão do Estado”.

      Leia-se: Estado somos NÓS!

    • Rafael disse:

      A leitura calhorda que a classe política fez dessa frase de Darcy Ribeiro (e que talvez fosse a concepção dele também) é que teríamos de investir unicamente em escolas, como se investimentos em escolas e presídios fosse excludentes. O fato é que pouco se investiu em escolas e quase nada na construção e manutenção de presídios. O estado brasileiro simplesmente não cabe em seu orçamento. Enquanto cultivarmos o pensamento mágico de que basta vontade política para resolvermos nossos problemas não evoluiremos como sociedade.

  2. Campeão FIFA disse:

    Pois é… por aqui tivemos uma manifestação no parcão chamada “armas pela vida” (como se essas duas coisas pudessem aparecer na mesma frase)
    Liderada por alguns vereadores da capital.
    Nesse dia estava no parcão e li um panfleto com dados parciais, informações falsas que só quem nunca leu nada sobre a história poderia fazer.
    Obviamente levando a uma conclusão estapafúrdia.
    Para quem gosta de pensar pela cabeça dos outros, um prato cheio.
    Essas pessoas, que acham que causas da violência passam pelo estatuto e desarmamento são as mesmas que aplaudem as condições carcerárias. Vide um deputado da base do Temer exibindo toda a sua cultura ao dizer que deveria haver uma chacina por semana dentro dos presídios.

    • Rafael disse:

      Mas aí a questão é outra. A população votou contrariamente ao desarmamento, mas sua decisão não foi respeitada, pois os políticos criaram inúmeras dificuldades para o registro de arma.

      • Campeão FIFA disse:

        O ponto é que a escalada da violência não passa pelo estatuto do desarmamento.
        Essa é uma visão equivocada (por limitações ou desonestidade intelectual mesmo) que nos custa caríssimo.
        A indústria armamentista aplaude e trabalha para isso.

      • Rafael disse:

        “O ponto é que a escalada da violência não passa pelo estatuto do desarmamento.”
        As estatísticas não permitem inferir isso. Mas a questão principal nem é essa. Trata-se, fundamentalmente, do direito do cidadão em ter uma arma para sua proteção e de seus familiares.

      • Campeão FIFA disse:

        Uma curiosidade:
        De que estatísticas você fala?
        Mas a campanha essa no parcão tinha exatamente esse mote: armar as pessoas para proteger a vida (veja só). A mensagem subliminar era esta: “a violência cresce por que o cidadão não pode se defender”
        Essas mesmas pessoas não veem a relação (entre outras coisas, é óbvio) do agravamento da situação carcerária com escalada da violência. Esse mesmo pensamento bolsonaresco aposta na autofagia dos presos como solução.

      • Rafael disse:

        A população teve sua decisão via referendo desrespeitada pelos políticos. Isso é o mais grave. Há várias campanhas para revisar esse verdadeiro estelionato imposto pela classe política, cada qual com argumentos mais ou menos aceitáveis. Quanto à escalada da violência, trata-se de fenômeno multifatorial, mas é inegável que a facilidade que os bandidos encontram para cometer delitos (pela omissão das autoridades e pela passividade dos cidadãos) configura-se em importante componente nesse quadro.

  3. Ricardo disse:

    Seguinte, vamos todos para as ruas pedindo “mais presídios”, “reformas e melhorias já”.
    E o Movimento pelos Direitos Humanos faz o quê? E os familiares da massa carcerária fazem o quê? Com toda a pressão do juiz Sidnei Brzuska, fizeram exatamente o quê?
    Quem pode “forçar” o Estado a fazer alguma coisa ?

  4. Ricardo disse:

    Ah, ia esquecendo da OAB, inerte e amorfa.

  5. Fred O Calmo disse:

    Tem um jeito de ir para lá.

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