Falcão tem um modelo preferido de futebol. Saiba qual é

É como se ele tivesse sumido. Depois que seu nome foi anunciado pelas emissoras de rádio como o escolhido para substituir Celso Roth, na volta do México, Falcão deixou o celular apenas na caixa postal (que já deve estar superlotada de mensagens) e não atende ninguém. Isso só amplia a certeza de muitos de que ele já acertou tudo com os dirigentes – faltando apenas a palavra oficial dos dirigentes.

Bom, para efeito de raciocínio, vamos admitir – eu aqui e vocês que estão lendo – que Falcão será mesmo o novo treinador do Inter. Ele já treinou o time, em um curto período, mas saiu com a imagem preservada. Esteve antes na Seleção, trabalhou no México e no Japão, até iniciar uma carreira bem-sucedida de comentarista.

Nos últimos tempos, preparou-se para assumir um clube assim que tivesse uma boa proposta. Nem foi à Copa do Mundo da África, em acordo com a Globo, porque pretendia investir na formação. Quase foi contratado pelo Atlético-PR. Só não assinou porque o acerto esbarrou no salário e na resistência de Falcão em se separar da família – que ficaria em Porto Alegre.

Assim, esta possível proposta do Inter preencheria todas as exigências. É o time que o revelou para o futebol, com o qual tem relações sólidas, é um dos principais ídolos da história do clube e fica em Porto Alegre.

O nome de Falcão já surgira antes como favorito, mas ganhou força agora com as queixas da torcida e dos dirigentes quanto ao rendimento do time – que está sempre abaixo do que muitos esperam.

Então, partindo da ideia de notícia confirmada, qual seria o modelo de futebol do Inter?

Quem ouve os comentários, as entrevistas, lê as colunas e ouve as ideias de futebol de Falcão, pode fazer um perfil do técnico:

1) O modelo de futebol preferido por Falcão é o do Barcelona. Todos são, claro, mas Falcão há muito tempo defende que um time precisa tornar o futebol um espetáculo bonito, agradável, atraente para o torcedor. Falcão sabe a forma de chegar a isso e insiste muito na ideia de que outros times, mesmo sem contar com jogadores da qualidade de Messi e Iniesta, podem perseguir este modelo.

2) Das conversas com grandes técnicos (José Mourinho, Niels Liedholm, Carlo Ancelotti e tantos outros), Falcão tirou um ensinamento que tem repetido muito nos últimos tempos: mesmo nos jogos fora de casa, um grande time tem de impor seu jeito de jogar. Precisa ter coragem, organização e disposição para obrigar o adversário a se preocupar com ele e não o contrário.

3) Abomina volantes que saibam apenas marcar. Volante por formação, mas com capacidade orgânica e técnica de se multiplicar em campo, Falcão quer um meio-campo múltiplo. Neste ponto, se assumir, certamente encontrará afinidades com o jeito de jogar de Mário Bolatti.

4) Exite times compactados. Defesa em bloco, sem dar espaços ao adversário, e ataques em bloco, a ponto de dificultar a saída da defesa.

5) Sua admiração pelo Barcelona não se deve apenas aos grandes jogadores. Para ele, o principal segredo das vitórias do time e da própria seleção espanhola, está na capacidade de manter a bola sob controle. O Barcelona roda a bola e sempre tem maior posse. Mas não só isso: quando o adversário recupera a bola, os jogadores do Barcelona reagem, cercam, dão sufoco, até recuperar o controle. É uma nova forma de marcação por pressão, para não dar chances de reação ao adversário.

Tudo bem, tudo isso faz parte da teoria – e nem sempre é possível aplicá-la com exatidão. Mas, para o torcedor do Inter, é uma forma de começar a entender o que seu provável novo técnico pensa sobre futebol, até porque ele é um estudioso do assunto.

Resta agora aguardar para ver se a notícia se confirma. O Inter volta esta tarde a Porto Alegre e o anúncio deve ocorrer (se ocorrer) na manhã de sábado, por causa das comemorações de aniversário marcadas para a noite desta sexta-feira.